PRINCESA DONA LEOPOLDINA
A FLOR DO IMPÉRIO QUE TÃO CEDO FENECEU
Sempre tive um grande interesse e uma grande admiração pela memória da Princesa Dona Leopoldina, esta Flor do Império Brasileiro. Uma vida tão curta, mas parecendo um conto de fadas, infelizmente sem um final feliz. A vida de Dona leopoldina é um projeto antigo já, para um documentário, que com certeza será bem interessante de ser assistido. Espero em 2016 poder realizar esse sonho.
Dona Leopoldina Teresa
Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon (Rio
de Janeiro, 13 de julho de 1847 — Viena, 7 de fevereiro de 1871) era filha do Imperador
dom Pedro II e da Imperatriz dona Teresa Cristina. Princesa do Brasil desde seu
nascimento, dona Leopoldina renunciou aos seus títulos ao casar-se com Luís
Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, assumindo então os títulos de princesa de
Saxe-Coburgo-Gota e duquesa de Saxe.
DONA ISABEL E DONALEOPOLDINA
A princesa também foi a
segunda na linha de sucessão ao trono do Império do Brasil, mesmo após o
casamento de sua irmã mais velha, a princesa dona Isabel, devido às
dificuldades desta em gerar herdeiros. Após sua morte prematura, seus dois
filhos mais velhos foram reconhecidos como príncipes brasileiros e herdeiros
presuntivos da coroa até que dona Isabel tivesse seu primeiro filho. A partir
daí, originou-se o chamado ramo de Saxe-Coburgo e Bragança, da Casa Imperial do
Brasil.
Nascida às 6h 45min da
manhã de 13 de julho de 1847, no Palácio Imperial de São Cristóvão, Leopoldina
era a segunda filha de dom Pedro II e dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas
Sicílias. Seus avós paternos foram o imperador dom Pedro I e a imperatriz dona
Maria Leopoldina e seus avós maternos foram o rei Francisco I das Duas Sicílias
e Maria Isabel de Espanha.
Foi batizada na Catedral
e Imperial Capela em 7 de setembro de 1847, pelo bispo capelão-mor e diocesano
dom Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, conde de Irajá e seu nome foi dado em
homenagem à avó paterna. Teve como padrinhos seus tios, os príncipes de
Joinville, Francisco Fernando de Orléans e dona Francisca de Bragança -
representados no ato por C. His de Buthenval (ministro plenipotenciário de Luís
Filipe I de França) e Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho, condessa de
Belmonte (camarista-mor da imperatriz), respectivamente.
Desde cedo, dom Pedro II
tratou de obter para suas filhas uma preceptora. A escolha recaiu sobre a
condessa de Barral, indicação da princesa de Joinville, que iniciou suas
funções em setembro de 1855. Numerosos mestres foram encarregados de educar as
duas jovens, que seguiam um elaborado e rigoroso sistema de estudos vigiado
constantemente pelo imperador.
As princesas assistiam a
aulas seis dias por semana, das 7h da manhã até 21h 30min. Elas só poderiam
receber visitas aos domingos, em festas ou em qualquer outra ocasião
determinada pelo imperador. Eram diversas as matérias que estudavam: português
e sua literatura, francês, inglês, italiano, alemão, latim, grego, álgebra,
geometria, química, física, botânica, história (cujas disciplinas eram
divididas por país e por época), cosmografia, desenho e pintura, piano,
filosofia, geografia, economia política, retórica, zoologia, mineralogia e
geologia.
Dom Pedro II havia
encarregado dona Francisca (Princesa de Joinville) de encontrar na Europa dois jovens príncipes que
pudessem servir de consortes às suas filhas.
Na Fala do Trono de maio de 1864, o soberano
anunciou o casamento das princesas sem, no entanto, citar nomes de
pretendentes.4 Porém, os dois candidatos escolhidos pelo imperador - seu
sobrinho, Pedro, duque de Penthièvre, e Filipe, conde de Flandres (filho de
Leopoldo I da Bélgica) - recusaram a proposta de consórcio, levando o monarca a
optar pelos príncipes Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e Gastão de Orléans.
Inicialmente, pensava-se
em destinar Luís Augusto à Princesa Imperial e Gastão à dona Leopoldina, mas
dom Pedro II recusou-se em dar andamento às negociações antes de ouvir a
opinião das filhas sobre os pretendentes.7 Em 2 de setembro de 1864 os
príncipes desembarcaram no Rio de Janeiro. Nos dias que se seguiram os
planejamentos iniciais inverteram-se, conforme registrou dona Isabel:
"Papai desejava essa
viagem, tendo em mira nossos casamentos. Pensava-se no Conde d'Eu para minha
irmã e no Duque de Saxe para mim. Deus e os nossos corações decidiram
diferentemente, e a 15 de outubro tinha eu a felicidade de desposar o Conde
d'Eu."
A união de Leopoldina e
Luís Augusto foi acertada através de uma convenção matrimonial celebrada entre
o imperador do Brasil e Ernesto II, Duque de Saxe-Coburgo-Gota. O contrato
previa, em seus artigos 3º, 4º e 5º que, enquanto dom Pedro II não considerasse
assegurada a sucessão da princesa Isabel, o casal deveria, entre outras coisas,
residir parte do ano no Brasil e ter seus filhos em território brasileiro.
Finalmente, em 15 de
dezembro de 1864, dona Leopoldina desposou o duque de Saxe, segundo filho de
Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e da princesa Clementina de Orléans.8 O casal
recebeu uma dotação de 300 contos de réis para aquisição de uma residência no
Rio de Janeiro, da qual eles e seus descendentes teriam o usufruto, mas que
permaneceria como patrimônio nacional.10 O imóvel escolhido foi um palacete
vizinho ao Palácio de São Cristóvão, adquirido em junho de 1865 e batizado como
"Palácio Leopoldina".
Três dos filhos dos
Duques de Saxe; a partir da esquerda: dom Pedro Augusto, dom José e dom Augusto
Leopoldo (1871).
Dez meses após sofrer um
aborto espontâneo, dona Leopoldina deu à luz, em 19 de março de 1866, aquele
que viria a ser o neto preferido de dom Pedro II, o príncipe dom Pedro
Augusto. A partir de então, a princesa passou a viver entre o Brasil e a
Europa, sempre retornando à terra natal para o nascimento de seus filhos. Assim
foi com dom Augusto Leopoldo e dom José Fernando - nascidos em 1867 e 1869,
respectivamente. Quando descobriu-se grávida do quarto filho, ela e o marido
decidiram que não voltariam ao Brasil e, em 15 de setembro de 1870, o príncipe
Luís Gastão nasceu no Castelo de Ebenthal.
No início de 1871, dona
Leopoldina apresentou os primeiros sintomas da doença que a mataria. Os
problemas gastrointestinais e a febre, contudo, não foram associados à ingestão
da água contaminada que assolava Viena.
Na segunda semana, porém, a princesa
atingiu um estado de prostração preocupante. A febre intermitente, as manchas
na pele e a hematoquezia, sintomas clássicos da febre tifoide, surgiram na
quarta semana. O quadro evoluiu rapidamente e dona Leopoldina passou a sofrer
delírios e convulsões, situação presenciada pela princesa Isabel e pelo conde
d'Eu.
A princesa sucumbiria à doença na tarde de 7 de fevereiro de 1871, aos
23 anos de idade. Clementina de Orléans descreveu a agonia da nora em carta
enviada à princesa de Joinville:
"Que a vontade de
Deus seja feita, minha boa Chica, mas o golpe é duro e nós estamos bem
infelizes. O estado do meu pobre Gusty me corta o coração, soluça cada
instante, não come, nem dorme, e é uma terrivel mudança! Ela o amava
tanto! E eram tão perfeitamente felizes juntos! Ver tanta felicidade destruída
aos 24 anos é horrível!! E estas pobres crianças! Eu te escrevi sábado, e o dia
de domingo e o de segunda-feira foram calmos e tranquilos. Ela não abria os
olhos: mas ouvia o que se lhe gritava ao ouvido, e certamente reconheceu a voz
de sua irmã, pois disse algumas palavras em português. Segunda-feira à noite os
médicos acharam uma melhora sensível e nós recobramos a esperança. A noite foi
calma, mas pela manhã de terça-feira o peito foi tomado e às 10 horas os
médicos declararam que não havia mais esperança, e entretanto eu ainda dela
cuidei nesse longo dia passado junto do seu leito, vendo-a tão calma e tão
pouco mudada; mas pelas 16 horas a respiração tornou-se mais curta. O abade
Blumel recitou a oração dos agonizantes, nós estávamos todos ajoelhados em
torno de sua cama, e às 18 horas a respiração cessou, sem que se visse a menor
contração de sua fisionomia. Ela estava mesmo bela neste momento, e tinha uma
expressão angélica. Agora está deitada num caixão vestida com roupa de seda
branca, uma coroa branca e seu véu de casamento na cabeça. Ela não mudou, faz
bem olhá-la. Está toda cercada de flores frescas, de coroas enviadas por todas
as princesas. Amanhã haverá cerimônia religiosa em casa e ela partirá para
Coburgo, onde todos nós acompanharemos, inclusive Gaston e Isabel que são muito
bons. Esta última está desesperada. Abraço-te, reza por nós, temos disso muita
necessidade.
Toda tua, Clementina."
Em homenagem à princesa,
o imperador Francisco José I da Áustria decretou luto oficial de 30 dias. Após
as solenes exéquias celebradas pelo núncio apostólico, monsenhor Mariano
Falcinelli Antoniacci, seu corpo foi trasladado para Coburgo, onde
representantes de todas as casas reais da Europa assistiram ao seu
sepultamento. Seu corpo repousa na cripta da St. Augustinkirche, ao lado dos
túmulos de seu marido e filhos.Todos os anos, até 1922, celebraram-se em Viena,
missas em sua memória.
A infertilidade da
princesa Isabel, herdeira presuntiva da coroa - que só viria a dar à luz um
filho após mais de dez anos de casamento e quase quatro anos após a morte da
irmã -, incluiu os dois filhos mais velhos de dona Leopoldina na 2ª e 3ª
posições da linha de sucessão ao trono brasileiro. Após a morte da mãe, os
jovens príncipes foram trazidos pelo avô para serem criados e educados no
Brasil. Esta situação tornou a princesa, ainda que de forma involuntária,
fundadora do ramo cadete de Saxe-Coburgo e Bragança. Dom Pedro Augusto e dom
Augusto Leopoldo somente seriam preteridos da sucessão em 1875, com o
nascimento de dom Pedro de Alcântara, príncipe do Grão-Pará.
Títulos de Nobreza:
13 de julho de 1847 a 15
de dezembro de 1864: Sua Alteza, a Senhora Princesa Dona Leopoldina
15 de dezembro de 1864 a
7 de fevereiro de 1871: Sua Alteza Real a Sereníssima Princesa de
Saxe-Coburgo-Gota, Duquesa de Saxe
PALÁCIO DE DONA LEOPOLDINA - RIO DE JANEIRO
PALACIO DE SÃO CRISTOVÃO - RIO DE JANEIRO
PALÁCIO DONA LEOPOLDINA - RIO DE JANEIRO
TUMULO DE DONA LEOPOLDINA